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Foto do escritorAmor em Ação

“O BOM TU” ou UBUNTU

Olhe para esta foto e imagine você lavando sua escova de dente bem ali com eles. Dê um zoom na foto e veja a cor dos respingos da água. Bem, acredito que você não faria isso mesmo! Eu também não!

Preciso admitir que fui capitalizado, elitizado e polidamente educado em uma cultura que constrói para si. Trabalho para minha família e eu. Sou brasileiro, não desisto nunca! A ideia de ter e possuir consome nossos dias.

O outro ou o próximo, quando muito, invade nossa rede relacional e nos tornamos amigos por conveniências. Respeitando as regras aceitamos a aproximação de terceiros. E uma regra é clara: “primeiro eu e minha família”.

“Ubuntu” é uma cacofonia (pronúncia emitida e, em certos casos, engraçada, mas, há também situações em que esta figura gera termos ofensivos ou inconveniente). Isso mesmo “UBUNTU” é uma ofensa cultural! Para você que quer ficar rico pagando salários humilhantes para os que constroem a escada do seu sucesso, para você que não está nem aí para a fome mundial ou a evasão domiciliar de gente que luta pela vida como na Síria ou Venezuela. Sim! Ubuntu é aviltante! Pensar no outro como se fosse eu? Dividir salário? Repartir igualmente entre os meus e os seus? Isso é impossível!

É verdade! Eu acredito na deformação cultural que o mundo contraiu. Construimos um mundo onde poucos governam e muitos sobrevivem por conta das migalhas que sobram daqueles. Estamos todos trabalhando demais para construir um mundo onde os famintos morrerão ainda mais e os pobres surgirão aos lotes em cada emboscada preparada por cada um de nós.

Nossa vida gira em torno de nosso umbigo e”UBUNTU” simplificadamente significa: “eu sou porque nós somos”. Isso é um displante!

Na nossa cultura e nem na religião que supostamente praticamos conseguimos absorver o que é isso. Olhar para o outro e ver-me nele ou vice-versa é quase impossível! Sorrir porque ele sorri e sofrer porque ele sofre é a encarnação do princípio de um reino que não é terreno.

Mais que uma expressão verbal “UBUNTU” revela a essência de um povo pária desta sociedade que vivemos. Não há assentos em nossas reuniões tecnológicas, educacionais ou civilizadas para estes povos africanos tão remotos, como também não temos humildade suficiente para sentar à mesa com eles.

Tudo que aprendemos diz respeito a nós e o mundo deve sempre girar para nos favorecer, daí a expressão sarcástica “O BOM TU’, que serve para nós brasileiros. Quando o outro se apresenta como bom então o convidamos para ser amigo. Puro interesse! Queremos sempre usar o outro!

Mas ao conhecer um povo que mesmo passando fome sabe sorrir e agradecer, que não se importa de verdade com aqueles que lhe oprimem e preferem focar naqueles que lhe empoderam, confesso que me sinto o mais descivilizado cidadão desta terra. Quando pensava que podia ensinar princípios cristãos a eles descobri o quanto poderia aprender primeiro. Aprender a repartir o pão, a ser grato, humano, servo…

“UBUNTU” civiliza-me à base de palmatórias! A simplicidade de acreditar no outro a tal ponto de somente ser mediante o outro ser é surreal! Há uma vida pela frente para aprendermos isso! Precisamos desintoxicar nosso coração! Pessoas valem mais que coisas e se cremos nisso precisamos mudar!

Ubuntu será construído a partir do bom eu. Todas as vezes que descobrir que tenho e sou em detrimento de quem nada é e tem, devo admitir que nada sou também!

Quando Deus viu o homem perdido resolveu fazer deste um homem salvo! Esta essência manifestada por povos africanos de preferir que todos sejam iguais é semelhante ao coração de Jesus quando afirma que o pai deseja que todos sejam um e que todas as coisas que eles têm são tudo em comum (Jo.17).

UBUNTU!!! Que seja esse o nosso foco! Pra que a nossa vida seja mais parecida com Ele e as pessoas creiam que Ele é o Senhor!

Que a vulnerabilidade do outro seja o campo do seu amor e toda construção nas nossas vidas sejam mais pontes e hospedarias e não castelos!

UBUNTU!!! Pratiquemos!

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